quinta-feira, 20 de agosto de 2009

ENTRE A ROCHA E A CRUZ

Não é de hoje que ciência e religião trocam farpas entre si. Cada qual defendendo seus princípios, o conflito ideológico entre ambas era praticamente inevitável: novas descobertas científicas eram dura e instantaneamente atacadas pelo conservadorismo clerical, ao mesmo tempo que críticas ferinas eram lançadas ao mundo religioso. Diante disso, fica uma pergunta: é possível conciliar a Geologia, uma ciência a qual explica a evolução da Terra em bilhões de anos, com uma religião que relata a criação do mundo em sete dias?

O livro "Deus, um delírio", do biólogo inglês Richard Dawkins, retrata bem esse dilema razão versus fé. Nele, o autor retrata um caso dramático envolvendo o geólogo Kurt Wise, o qual abdica de sua promissora carreira em nome da fé. Radical? Talvez, entretanto, é impossível negar a existência de pontos extremamente antagônicos, um deles mencionados anteriormente: a idade do planeta. Segundo escrituras bíblicas, a Terra seria bastante "jovem" (com apenas 6 000 anos), ao contrário da datação geológica, determinada em intermináveis 4,56 bilhões de anos. Então o que dizer? A única coisa a se considerar é o fato da Bíblia ter uma grande carga metafórica em seus textos, algo induzidor a interpretações errôneas.
Outra coisa a se analisar está presente no conteúdo fossílifero de rxs sedimentares. A partir de organismos preservados, podemos tirar conclusões acerca da evolução da vida na Terra, desenvolvida de forma paulatina ao longo de uma extensa escala de tempo. Ao observá-los, é possível notar uma clara diferença na complexidade dos seres mais recentes em relação aos mais velhos, dando respaldo à Evolução das Espécies de Charles Darwin. Isso subverte totalmente a ideia religiosa de que a natureza e as espécies carregam o germe da perfeição - como se tivessem sido projetadas para funcionar como uma máquina maravilhosa. A evolução que observamos nos fósseis, ao contrário, não tendem a perfeição, mas sim à necessidade de adaptação às novas condições de vida nas quais os organismos estavam submetidos. Uma questão de sobrevivência, e nada mais.
O motor da fé e da religião são distintos, fé e espiríto contra dúvida e razão, chegando a ser surpreendente coexistirem no mundo de hoje. Isso indica que nenhuma das duas possuem um domínio sobre a outra, dando a ideia de um certo equilibrio entre ambas. O que se pode concluir, por fim, é que nenhuma responde as perguntas da outra, mas podem existir em harmonia, desde que haja um respeito recíproco. Todavia, cabe a cada um de nós decidir se é possível ou não uni-las, assimilando um pouco de cada para si ou se dedicando integralmente para uma das duas.
Entre a rocha e a cruz: com qual você fica?

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